sábado, 26 de junho de 2010

O RESGATE DA ESSÊNCIA


A PROPOSTA


Ao contrário de toda a infinita variedade de Tarôs 
hoje existentes, os quais na verdade apenas reapresentam 
o baralho de Marselha sob novas roupagens, 
o Tarô de Vilela remexe com todos os seus 
arquétipos seculares, transformando-os, derrubando 
assim seus dogmas 
milenares. Desvinculando o Tarô do contexto medieval e da 
cultura judaico-cristã, Vilela nos remete à Nova Era, resgatan-
do paradoxalmente a pureza e a inocência da essência 
pagã para projetá-la espiritualmente sobre todos nós.


Suas telas têm o poder de nos impressionar o psiquismo, 
por isso, convido o leitor a fazer a sua própria interpretação.


                                                    (PAULO URBAN)







Em 2002 foi lançada uma primeira impressao limitada de 
um livreto com o título "Resgate da Essência", além 
da reprodução das telas de Eduardo Vilela contém 
os comentários de Paulo Urban.


Dimensões 20x15cm


Ainda existem exemplares para quem estiver interessado.

O MAGO

Nesta primeira tela encontramos a representação do “Mysterium Coniunctionis”, isto é, a conjunção dos opostos, do humano com o divino. 
O homem, aqui transcendendo a realidade tridimensional e mundana, encontra-se liberto e inserido na Luz Maior, que resgata em sua identidade  a essência do divino.

A SACERDOTISA

Mais do que um complemento, esta segunda tela consiste numa compensação para a primeira. Representa o mistério  da dualidade, cuja função psicológica é a de instigar a consciência a elevar-se indefinidamente, num caminho cíclico em espiral, às profundezas do “Si-mesmo”.

A IMPERATRIZ

Nesta terceira lâmina, a essência feminina e intuitiva do arcano precedente se desdobra na criatividade inconsciente, capacidade esta que impera sobre o mundo por poder levar consigo o germe da vida, bem guardado e protegido em seu ventre.

O IMPERADOR

O Imperador é o guardião de nossa consciência, cuja essência masculina é reflexo do inconsciente feminino, e nos permite organizar o pensamento para regrar cada uma de nossas atitudes que, em última análise,  estão sempre dando continuidade ao Ato da Criação.

O HIEROFANTE

Neste arcano,a figura humana prescinde da imagem do Papa como mediador entre Deus e os homens, preferindo ela própria ocupar o plano superior da tela, onde a divindade possa ser percebida em si mesma, e não como algo supremo mas inatingível, de cuja natureza só possamos ter idéia por meio dos modelos mantidos pelos dogmas.

O ENAMORADO

O Enamorado salienta as possibilidades inesgotáveis de relacionamento dos seres humanos entre si, que embora separados por sua individualidade, quando intuem estar comungando da mesma forma, dão se conta de que a verdadeira natureza humana é uma só.

O CARRO

Nesta lâmina os elementos anímicos tanto da instância inconsciente quanto consciente se “desgarram” do psiquismo sugerindo um processo de “Extroversão”, caracterizado pela concentração do interesse voltado para a realidade extra-psíquica.

A JUSTIÇA

Nesta lâmina, a figura humana assume o plano central e superior, arquetipicamente divino, e interfere com seu ato cármico na relatividade de nosso mundo de contrastes, equilibrando com Justiça e Perfeição as forças cósmicas que interagem em nossa dimensão.

O EREMITA

O reencontro com si mesmo é o momento culminante do processo solitário de busca pessoal (individuação), aqui ressaltado pela atitude introspectiva do Eremita. Mas tal comunhão não pressupõe fim algum para o caminho, senão a libertação espiritual num movimento de ascese, tornando possível nossa reintegração ao Cosmos.

A RODA DA FORTUNA

A  “Roda da Vida” nos propõe uma visão ampla do movimento da vida e de suas contrastantes manifestações, resgatando o principio da Unidade divina e o conceito de Justiça Cármica, subjacente a toda divindade percebida.

A FORÇA

Paradoxalmente, o arcano XI representa o “meio” de uma jornada sem fim. Isto porque é o único arcano que somado a si mesmo (11+11), compreende a totalidade sugerida pelo conjunto dos 22 arcanos. É também o ponto de mutação, momento que conjura todas as forças que se equilibram numa mandala, capazes de operar, quando em harmonia, a verdadeira transmutação da pedra bruta numa essência áurea e luminosa.

O ENFORCADO

O Enforcado, quando orientando em torno de seu centro, descobre que é preciso  morrer simbolicamente, tornando-se inevitável o sacrifício de sua mandala pessoal, para que possa penetrar na mandala transcendente, ajustada à fonte cósmica de Vida.

A MORTE

Um germe de luz primordial, banhado pelas águas divinas, a tudo permeia com sua essência vital, penetrando em todas as formas animadas ou inanimadas, e conferindo à morte um caráter dialético, pois se por um lado sugere o fim da existência, por outro nos remete a um processo de transformação perene, cuja função é a de renovação da Vida.

A TEMPERANÇA

A Temperança é a arte alquímica que visa a atingir, por meio de pacienciosa busca, o ponto de Mutação capaz de unir os opostos, revelando a unidade do Cosmos. Economia, parcimônia, perseverança e equilíbrio, regram este amplo movimento que interfere no que está em cima e no que está embaixo.

O DIABO

O Diabo é a essência do movimento involutivo, contrapondo-se ao ato da criação. Embora seja, em última análise, um dos muitos aspectos da própria divindade, o Diabo entrega aos homens, como Prometeu, o “fogo da consciência” e da Razão. Esta, embora distinga o ser humano das demais formas de vida, acaba por fortalecer demais o Ego, constituindo-se numa barreira a ser transposta para o verdadeiro resgate da Unidade Divina.

A TORRE

A torre, arquitetada pelo ego sob pretexto de defesa da personalidade, acaba por se tornar uma verdadeira prisão cerceadora da liberdade de percepção do Ser.
Mediante uma ação radical, o inconsciente explode a sólida fortaleza, e em meio às suas ruínas vislumbra-se o Portal da Transcendência, a partir do qual consciente e inconsciente se aproximam numa só experiência de percepção infinita.

A ESTRELA

A extrela ressalta a experiência intuitiva capaz de perceber de antemão a viabilidade do processo de Individuação, que, embora reserve provações das mais difíceis, pode ser vencido pela Confiança dos que nele acreditam. Toda Estrela a brilhar no céu representa um herói individuado.

A LUA

Regendo a sensibilidade, a Lua nos guia para que possamos mergulhar intuitivamente no lado oculto de nosso psiquismo, de modo a assimilar seu obscuro conteúdo numa verdadeira “prova iniciática das águas”, que, mesmo oferecendo seus perigos, nos reserva a possibilidade da complementação anímica.

O SOL

Este arcano expressa a experiência de plenitude decorrente da comunhão do ego com o verdadeiro núcleo psíquico. Em termos esotéricos, exprime a iluminação da alma conquistada pela passagem com êxito pela “prova iniciática do fogo”. É um momento de ampliação da consciência e ao mesmo tempo de transcendência dela própria.

O ARBÍTRIO

O arbítrio, tanto maior quanto mais ampla a consciência, é o fiel  desafiante do Destino. Este último, embora abarque com suas mãos a totalidade das escolhas pessoais, paradoxalmente, guarda em seu âmago a essência da plena liberdade, a mesma que se expressa e se perpetua sempre que a nós se nos oferece a  mera chance de uma escolha.
Permanecer preso ao mundo da culpa e das ilusões , ou transpô-lo  em busca da síntese  do infinito, é também uma questão de simples escolha.

O MUNDO

O Mundo expressa o coroamento do processo da Individuação, que por ser interminável, abre-nos incríveis portas para a inquietude e questionamentos sempre maiores. Representa a síntese, mas nunca o fim, desta viagem arquetípica pelos campos do infinito e para bem perto do “si-mesmo”.

O LOUCO

O Louco é o inspirado artista que,escapando das regras habituais e transformando o mundo com sua sabedoria inconsciente, coloca-se como questionador da vida,  servindo-se de ponte para a humanidade que busca resgatar a sua essência.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O TARÔ

O Tarô é um jogo de cartas que funciona segundo o sistema oracular, porém, ao contrário do que muitos pensam, não se presta para adivinhar o futuro, mas sim para lançar luz sobre o presente.

É formado por 78 cartas divididas em 2 grupos: 22 ARCANOS MAIORES, representados nestas telas, e 56 Arcanos Menores subdivididos em 4 naipes, relacionados ao jogo de cartas comum.

Os mais antigos baralhos chegaram na Europa, provavelmente levados pelos árabes, no século XIV.

Só no século XVIII surge o Tarô de Marselha, compilado por Fautrier, um artesão marselhês, que desenhou seu jogo de cartas baseado nos raros mas semelhantes baralhos que existiam espalhados pela Europa.

Todas as demais versões vieram depois, inclusive o Tarô Egípcio, cuja realidade, distante do que dizem as mistificações, não provém da antigüidade nem do Egito, sendo mera repetição dos clássicos arquétipos de Marselha, base dos demais tarôs, neste caso reapresentados segundo uma roupagem egípcia.

                                    ARCANOS MAIORES DO TARÔ DE MARSELHA

Compilado originalmente no século XVIII, por volta de 1760, por Fautier, um artesão ilustrador marselhês, tendo por base os diversos baralhos já existentes na Europa desde o século XIV, o Tarô de Marselha foi mais tarde, em 1930, reproduzido por Paul Marteau, da família Grimaud, que até hoje mantém os direitos da impressão.

HISTÓRICO DO PROJETO

Foi por volta do ano de 1988, aproximadamente, que iniciei um questionamento sobre a humanidade estar entrando numa trajetória sem retorno para um novo estado de consciência. Conforme imagino, para isso, todos os arquétipos, dogmas, filosofias, comportamentos e  aspectos sociais, políticos, econômicos, religiosos etc seriam aos poucos rompidos para dar abertura a uma nova visão de vida planetária, com a  materia em seus vários aspectos do tridimensional,  caminhando junto em igualdade com a dimensão espiritual  na evolução da humanidade.
Tendo isso como objetivo, fui direcionado intuitivamente e inconscientemente - como uma antena sintonizadora de uma energia astral - dentro das minhas possibilidades de expressão que é a pintura, a romper com arquétipos seculares através dos Arcanos Maiores do Tarô, abrindo-os para um novo questionamento interior. 
Esse Tarô ao meu ver, deve ser olhado como instrumento inconsciente de reflexão sobre a vida. Durante 6 anos travei um questionamento interior quanto a sua validade, propósito, 
objetivo, etc.. 
Enquanto isso, minha vida caminhava em muitas fases artísticas e sem perceber, já 
estava começando a pintar series de idéias relacionadas com as imagens que 
mais tarde iria transportar de forma mais completa para as telas do Tarô.
Quando as imagens dos Arcanos começaram a se formar no meu inconsciente 
senti a necessidade de por em prática o resultado dos anos de questionamen-
to: pintá-las – o que durou um ano e meio.
Foi um momento difícil, pois saía por necessidade econômica do centro de 
São Paulo, onde residia e fui morar no interior, em Roseta, um patrimônio de 
Paraguaçu Paulista/SP. E, lá no meio da plantação de cana, foram pintadas as 
22 telas, em isolamento total.

As telas medem 0,90 x 1,30 m. cada, com a moldura simples de acabamento.

A primeira imagem a ser pintada, foi A LIBERTAÇÃO, ou seja a quebra dos 
dogmas e, a ultima, os enamorados A Harmonia.

Também, de forma intuitiva, ao concluir cada trabalho, vinha-me um nome para 
cada Arcano pintado.  Esse nome foi escrito na parte inferior de cada moldura,
juntamente com o nome tradicionalmente dado a cada arcano,  divididos por um 
cristal que foi incrustado na moldura.

Assim, O MAGO  passou a ser O DESTINO
A SACERDOTIZA – ELEVAÇÃO
A IMPERATRIZ – A GUARDIÃ
O IMPERADOR – O GUARDIÃO
O PAPA – A LIBERTAÇÃO
OS ENAMORADOS – A HARMONIA
O CARRO – A POTÊNCIA
A JUSTIÇA – O EQUILIBRIO
O EREMITA – O REENCONTRO
A RODA DA FORTUNA – O RESGATE
A FORÇA – A DETERMINAÇÃO
O ENFORCADO – O AJUSTE
A MORTE – O CICLO
A TEMPERANÇA – A MUTAÇÃO
O DIABO – A INVOLUÇÃO
A TORRE – O PORTAL
A ESTRELA – A CONFIANÇA
A LUA – A INCONSCIÊNCIA
O SOL – A CONSCIÊNCIA
O JULGAMENTO – O ARBITRIO
O MUNDO – O INFINITO
O LOUCO – O INCONTIDO



Quando voltei para São Paulo/SP com essas telas, elas passaram a ser vistas
por algumas pessoas amigas, foi quando o amigo Paulo Urban, tendo sentido a 
intenção da obra, fez uma primeira leitura das imagens sob a luz do esoterismo
e da psicologia analítica, através da elaboração de textos sobre cada tela.
Estes textos juntamente com imagens das telas tiveram em 2002 uma primeira 
impressão limitada de um livreto com o título “Resgate da Essência”.


segunda-feira, 21 de junho de 2010